segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Sessões gratuitas de cinema e debate agitam Curitiba


Há pouco mais de 1 mês, os espectadores mais maduros da cidade contam com um espaço exclusivo de cinema. Trata-se das sessões gratuitas que serão exibidas nas últimas terças-feiras do mês, às 14h, no Espaço Itaú de Cinema, no Shopping Crystal. Um convidado especial irá conduzir debates após as sessões. A iniciativa faz parte do programa Itaú Viver Mais, que planeja atividades físicas e socioculturais ao público acima de 55 anos, em diferentes cidades brasileiras.

Tatianna Galeckas, coordenadora geral, esclarece as diretrizes do trabalho: “O programa existe desde 2004, atuando em seis estados (Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Bahia). Nesses 10 anos, participaram mais de 12 mil pessoas. Buscamos o entendimento e a valorização dessa população, que deve chegar a 25 milhões de pessoas no Brasil em 2020”.

Nielsan Santos, analista de marketing e divulgadora do programa em Curitiba, informa por que o Cinema foi incluído no leque de atividades do programa Itaú Viver Mais: “Entendemos que o cinema é também uma forma de resgate da cultura e entrega de valor”. Nielsan lembra que as sessões não são exclusivas para o público acima de 55 anos: “São sessões comuns. Se uma pessoa abaixo dessa faixa etária quiser assistir e acompanhar os pais ou avós, por exemplo, a entrada é permitida, mas como público pagante”, avisa.

O filme exibido na sessão de setembro foi Magia ao Luar, de Woody Allen. Após a exibição, o debate foi conduzido por Paulo Camargo, professor de Jornalismo da PUCPR e crítico de cinema. O breve discurso de Camargo mencionou aspectos da filmografia de Woody Allen, citando obras como Annie Hall (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa ), vencedor de melhor filme e melhor direção, em 1977, e Hannah e suas irmãs, vencedor de melhor roteiro, 1987. Além disso, o crítico destacou semelhanças entre o filme Meia noite em Paris e Magia ao Luar, evidenciando os anos 1920 e instigando os comentários do público. 

 
A ideia é provocar os espectadores no evento, abrindo caminho para o debate, explica Camargo: “O condutor deve despertar no público a vontade de falar sobre o que acabaram de ver, considerando a experiência de assistir a um filme em companhia de pessoas que compartilham mais ou menos o mesmo imaginário sobre cinema”. E o objetivo do crítico foi alcançado. Logo depois de seu discurso uma enxurrada de comentários e perguntas foi iniciada. A maioria referia-se ao prazeroso ritual de ir ao cinema e se “transportar” para outra realidade, da qual, por muitas vezes, se sentem coadjuvantes.

Para Camargo, porém, o prazer dessa experiência retringe-se cada vez mais a um número menor de pessoas, normalmente, das gerações mais maduras: "Hoje é possível acessar filmes do mundo todo pela Internet. Por um lado, não dependemos tanto de distribuidoras para assistir a títulos mais autorais, e isso é libertador. Por outro, assistir a filmes no computador, em tablets ou no celular está privando as novas gerações da magia que é estar frente a frente com a tela grande, em um momento de fruição coletiva”, avalia.

A jornalista aposentada Shirley Galupo, que assistiu à sessão e participou do debate, concorda com Camargo: “Sem dúvida, ‘no escurinho do cinema’, é outra coisa, né?”, diverte-se. Shirley soube da exibição das sessões em agosto, pelo jornal, e agora diz que vai se cadastrar para participar mais vezes. “O programa é muito bacana. Sou de uma geração que, antes de ir ao cinema, avalia quem é o diretor, qual é o filme, por isso, a oportunidade de participar de um debate depois é muito enriquecedora”, declara.

Para quem estiver interessado em participar das sessões gratuitas, Nielsan Santos dá as orientações: “Primeiro, é preciso se cadastrar no programa, preenchendo uma pequena ficha. O cadastro pode ser feito de segunda a quarta-feira, no horário de funcionamento da bilheteria do cinema. No dia da exibição, pedimos que o público compareça 1 hora antes da sessão, para retirar o ingresso com calma”, recomenda.

Produção: C'est la Vie Produções para a Revista Gilda
Texto: Roberta Gonçalves
Edição: Stacy Barbosa
Fotos: Roberta Gonçalves

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